Família Coelho de Mendonça

Seu Mendonça da Cachoeira

Sebastião Robert de Campos(*)

Quando escrevemos para este apreciado semanário sobre grandes nomes do passado, devemos lembrar também daqueles que mesmo na obscuridade, sem ostentar títulos universitários da nobreza, trabalharam pelo engrandecimento de Andradas. No caso, por exemplo, do Sr. José Coelho de Mendonça, antigo fazendeiro do município, homem de verdadeira fibra, e que não poderia passar despercebido da pena minuciosa do historiador. O que fez ele de importante entre nós para merecer um artigo especial?

JOSÉ COELHO DE MENDONÇA, saudoso morador de Andradas, era cidadão conceituado e estimado pelos andradenses, além de ter sido o fundador do populoso bairro SÃO JOSÉ DA CACHOEIRA, em nosso município. Pessoa de vida dinâmica, de coração magnânimo, segundo pudemos apurar graças às numerosas pesquisas em torno da História local.
Chefe de numerosa família, criou todos os seus filhos dentro de rigorosas normas de moral e fé, legando à sociedade homens de bem, que foram continuadores de sua obra. A paz, a concórdia, a honra, eram os xxx pelos quais pautava a sua existência de pessoa humilde, do campo. Crente fervoroso, não perdia missas domingueiras, estava sempre pronto para ajudar alguém, tanto sob o aspecto material como espiritual. Tão acentuado foi seu sentimento religioso, a sua obediência aos preceitos salvíficos da Igreja, que fundou uma capela em honra a São José naquele local, designando-se daí o topônimo SÃO JOSÉ DA CACHOEIRA, bairro que hoje conta com cerca de 200 fogos.
Após uma vida de intenso labor JOSÉ COELHO DE MENDONÇA, expirou no dia 31 de agosto de 1926, ao 85 anos de idade, cercado pelo carinho da esposa Dona Maria Ferraz de Mendonça e dos filhos: Jose João, Alfredo, Messias, Antônio, Joaquim, Maria , Inês, Francisca, Clara, América, Maria(2ª), Evarista e Gabriela. Ao todo 15 filhos, já pensaram?! Uma prole numerosíssima, que foi sempre seguidora das lições e dos exemplos do pai. Deixou também 200 netos e bisnetos. Algo surpreendente nos dias atuais, quando casais, por questões econômicas, biológicas e sociais, não têm mais do que dois filhos!
Por ocasião de seu sepultamento a Câmara Municipal enviou uma coroa de flores com os seguintes e comoventes dizeres:
“Homenagem da Câmara Municipal ao benemérito fundador do povoado de São José da Cachoeira, 31 de agosto de 1926”.
Talvez o leitor não tenha notado, mas tão singular figura de nossa História não trazia à frente de seu nome patentes e títulos pomposos, tais como: capitão, Tenente, coronel e outros, que a Guarda Nacional outorgava naquela época. Não! Todo o seu prestígio resultou do que fez de bom em prol do semelhante, das ocasiões em que, levado pelo seu espírito de liderança e de sabedoria natural, atuou como árbitro em várias questões. Seu Mendonça era homem simples do campo, voltado ao trabalho pesado, desses que olham par ao céu e exclamam, de chapéu à mão: “Senhor, dai-nos chuva abençoada que faz crescer as plantações e reavivar a natureza!”
O Legislativo de Andradas, porintermédio de seus vereadores, faria justiça se lembrasse, um dia, desse nome, que hoje procuramos trazer das páginas de nossa História. Além do mais se tal acontecesse, estaríamos preservando a memória local, coisa importante, mas que ainda não mereceu o devido tratamento. A memória é como um promontório, de onde divisamos pontos inusitados que, por vezes, nos encantam!”
Fica aqui, portanto, a homenagem de um obscuro historiador a esse filho do campo, que tão bem soube cumprir a sua missão na terra, inclusive a de FUNDADOR...